Classicismo
CLASSICISMO
PORTUGAL (1527 – 1580)
ERA CLÁSSICA
O renascimento
foi um vasto movimento cultural que surgiu na Europa em fins da Idade Média e
que objetivou fazer reviver os ideais da antiguidade clássica nas artes, na
literatura e na cultura.
Foi, portanto, uma continuação do
humanismo, com objetivos mais definidos: A luz dessas ideias, inicia-se, no
século XVI, o movimento literário chamado classicismo. O homem, com sua razão e
busca da arte universal, torna-se o centro de tudo em contra posição ao período
anterior, Idade Média, em que a sociedade estava voltada para Deus e os valores
espirituais.
Para compreender o
Classicismo precisamos compreender um movimento que ocorreu antes denominado Humanismo. Humanismo é uma
corrente filosófica de valorização do homem e tudo que diz respeito ao homem.
Essa corrente, que já começa a aparecer no final do século XV, defende o antropocentrismo (antropo =
homem + centrismo) em oposição ao teocentrismo (teo = Deus). O poder da Igreja
passa a ser questionado através da Reforma Luterana e o ser humano recebe maior importância (o ser humano é
criatura divina, criado como Deus idealizou). O humanismo será a base
filosófica do Renascimento e, por conseguinte, do Classicismo.
Características
do Classicismo
a Imitação dos
autores clássicos gregos e romanos da antiguidade.
a Uso
da Mitologia8 Os
deuses e as musas, inspiradores dos clássicos gregos e latinos, aparecem também
nos clássicos renascentistas.
a Predomínio
da razão sobre os sentimentos8 a linguagem clássica não é subjetiva nem
impregnada de sentimentalismo e das figuras, porque procura coar, através da
razão, todos os dados fornecidos pela natureza e, desta forma, expressar
verdades universais.
a Uso
de uma linguagem sóbria, simples, sem excessos de figuras literárias.
a Idealismo8 os clássicos
abordam o homem ideal, liberto de suas necessidades diárias, comuns. Os
personagens centrais das epopeias são-nos apresentados como seres superiores,
verdadeiros semideuses, sem defeitos.
a Amor
platônico8 os
poetas clássicos revivem a ideia de Platão de que o amor deve ser sublime,
elevado, espiritual, puro, não-físico.
a Busca
da universalidade e impessoalidade8 a obra clássica torna-se a expressão de
verdades universais, eternas, e desprezado particular, o individual, aquilo que
é relativo.
Epopeias são poemas longos sobre feitos
grandiosos e heroicos, como foram as grandes descobertas marítimas dos
portugueses. São epopeias famosas da Antiguidade clássica: Ilíada e Odisseia,
de Homero.
Principais autores
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Principais Obras
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Luiz Vaz de Camões
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Lírico: + de 300 sonetos
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Dramático: Auto
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Anfitriões
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El-Rei Seleuco
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Filodemo
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Épico: Os Lusíadas
(10 cantos, 1102 estrofes, 8816 versos)
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Sá de Miranda
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Poesias (Sonetos)
Miranda
Dolce Stil Nuovo
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Bernardim Riveiro
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Novela: Saudades (Menina e Moça)
Cancioneiro Geral
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Antônio Ferreira
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A Castro (Tragédia de Inês de Castro)
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Luís de Camões (1524-1580) foi o
maior destaque da literatura classicista em Portugal.
Sua grande obra "Os Lusíadas”
(1572), é uma epopeia classicista onde ele narra a viagem de Vasco da Gama às
Índias. Ela foi escrita em 10 cantos e está composta de 8816 versos
decassílabos em oitava rima distribuídos em 1120 estrofes.
O
Classicismo em Portugal permaneceu até 1580. Esse é o ano da morte de Camões e
também da União das Coroas Ibéricas, aliança estabelecida até 1640 entre
Espanha e Portugal.
Obs:
No Brasil, esse período literário ficou conhecido como Quinhentismo.
A seguir um exemplo de paródia criada pelo compositor brasileiro Renato Russo onde é utilizados estilos de época diferentes:
TEXTO
1
Soneto
(Camões)
Amor é fogo que
arde sem se ver;
É ferida que
dói e não se sente;
É um
contentamento descontente;
É dor que
desatina sem doer;
É um não querer
mais que bem querer;
É solitário
andar por entre a gente;
É nunca
contentar-se de contente;
É cuidar que se
ganha em se perder;
É querer estar
preso por vontade;
É servir a quem
vence, o vencedor;
É ter com quem
nos mata lealdade.
Mas como causar
pode seu favor
Nos corações
humanos amizade,
Se tão
contrário a si é o mesmo amor?
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Texto 2
Apóstolo São
Paulo I CORÍNTIOS 13
1. Ainda que eu
falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como
metal que soa ou como o sino que tine.
2. E ainda que
tivesse o dom de profecia, e
conhecesse todos os mistérios e toda ciência, e ainda que tivesse toda a fé,
de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
(...)
4. O amor é
sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade,
não se ensoberbece.
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TEXTO 3
Monte
Castelo
(Renato Russo)
Ainda que eu
falasse a língua dos homens
E falasse a
língua dos anjos,
Sem amor eu
nada seria (REFRÃO)
É só o amor, é
só o amor
Que conhece o
que é verdade
O amor é bom,
não quer o mal
Não sente
inveja ou se envaidece.
Amor é fogo que
arde sem se ver
É ferida que
dói e não se sente
É um
contentamento descontente
É dor que
desatina sem doer
(REFRÃO)
É um não querer
mais que bem querer
É solitário
andar por entre a gente
É um não
contentar-se de contente;
É cuidar que se
ganha em se perder;
É um estar-se
preso por vontade;
É servir a quem
vence, o vencedor;
É ter com quem
nos mata lealdade.
Tão contrário a
si é o mesmo amor.
Estou acordado
e todos dormem todos
[dormem todos dormem
Agora vejo em
parte
Mas então
veremos face a face
É só o amor, é
só o amor
Que conhece o
que é verdade
Ainda que eu
falasse as línguas dos homens E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu
nada seria
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Para compreender melhor a linguagem de Os Lusíadas, confira abaixo trechos de cada canto da obra:
Canto I
As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
Canto II
Já
neste tempo o lúcido Planeta
Que as horas vai do dia distinguindo,
Chegava à desejada e lenta meta,
A luz celeste às gentes encobrindo;
E da casa marítima secreta he estava o Deus
Nocturno a porta abrindo,
Quando as infidas gentes se chegaram
Às naus, que pouco havia que ancoraram.
Canto III
Agora
tu, Calíope, me ensina
O que contou ao Rei o ilustre Gama;
Inspira imortal canto e voz divina
Neste peito mortal, que tanto te ama.
Assi o claro inventor da Medicina,
De quem Orfeu pariste, ó linda Dama,
Nunca por Dafne, Clície ou Leucotoe,
Te negue o amor devido, como soe.
Canto IV
Despois
de procelosa tempestade,
Nocturna sombra e sibilante vento,
Traz a manhã serena claridade,
Esperança de porto e salvamento;
Aparta o Sol a negra escuridade,
Removendo o temor ao pensamento:
Assi no Reino forte aconteceu
Despois que o Rei Fernando faleceu.
Canto V
Estas
sentenças tais o velho honrado
Vociferando estava, quando abrimos
As asas ao sereno e sossegado
Vento, e do porto amado nos partimos.
E, como é já no mar costume usado,
A vela desfraldando, o céu ferimos,
Dizendo:- «Boa viagem!»; logo o vento
Nos troncos fez o usado movimento.
Canto VI
Não
sabia em que modo festejasse
O Rei Pagão os fortes navegantes,
Pera que as amizades alcançasse
Do Rei Cristão, das gentes tão possantes.
Pesa-lhe que tão longe o apousentasse
Das Europeias terras abundantes
A ventura, que não no fez vizinho
Donde Hércules ao mar abriu o caminho.
Canto VII
Já se
viam chegados junto à terra
Que desejada já de tantos fora,
Que entre as correntes Indicas se encerra
E o Ganges, que no Céu terreno mora.
Ora sus, gente forte, que na guerra
Quereis levar a palma vencedora:
Já sois chegados, já tendes diante
A terra de riquezas abundante!
Canto VIII
Na
primeira figura se detinha
O Catual que vira estar pintada,
Que por divisa um ramo na mão tinha,
A barba branca, longa e penteada.
Quem era e por que causa lhe convinha
A divisa que tem na mão tomada?
Paulo responde, cuja voz discreta
O Mauritano sábio lhe interpreta:
Canto IX
Tiveram
longamente na cidade,
Sem vender-se, a fazenda os dous feitores,
Que os Infiéis, por manha e falsidade,
Fazem que não lha comprem mercadores;
Que todo seu propósito e vontade
Era deter ali os descobridores
Da Índia tanto tempo que viessem
De Meca as naus, que as suas desfizessem.
Canto X
Mas já o claro amador da Larisseia
Adúltera inclinava os animais
Lá pera o grande lago que rodeia
Temistitão, nos fins Ocidentais;
O grande ardor do Sol Favónio enfreia
Co sopro que nos tanques naturais
Encrespa a água serena e despertava
Os lírios e jasmins, que a calma agrava,
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