Barroco






BARROCO
(Portugal 1580 – 1756             Brasil 1601 – 1768)


 A arte barroca originou-se na Itália (séc. XVII), mas não tardou a irradiar-se por outros países da Europa e a chegar também ao continente americano, trazida pelos colonizadores portugueses e espanhóis. Barroco: termo de origem espanhola ‘Barrueco’, aplicado para designar pérolas de forma irregular. As obras barrocas romperam o equilíbrio entre o sentimento e a razão ou entre a arte e a ciência, que os artistas renascentistas procuram realizar de forma muito consciente; na arte barroca predominam as emoções e não o racionalismo da arte renascentista. É uma época de conflitos espirituais e religiosos. O estilo barroco traduz a tentativa angustiante de conciliar forças antagônicas: bem e mal; Deus e Diabo; céu e terra; pureza e pecado; alegria e tristeza; paganismo e cristianismo; espírito e matéria.


O Barroco no Brasil tem seu marco inicial em 1601, com a publicação do poema épico "Prosopopéia", de Bento Teixeira, que introduz definitivamente o modelo da poesia camoniana em nossa literatura. Estende-se por todo o século XVI e início do XVIII.

Suas características são:

Ç NAS ARTES EM GERAL (arquitetura, música, escultura etc.)
avalorização do espírito      
aexagero dos detalhes  
acores vivas     
ajogo de sombra e luzes     
alinhas diagonais, curvas e assimétricas

Ç NA LITERATURA
Temas: brevidade da vida; o pessimismo perante a vida; a morte; a religião como alívio às angústias.
Aborda temas contrários: 
o divino/ o homem; 
o Bem/ Mal; 
o pecado/ a virtude; 
a vida terrena/ a vida eterna; 
o sagrado/ o profano; 
a busca de Deus/ a ambição humana; 
amor puro/ o pecado; 
dúvida/ certeza; 
sublime/ grotesco

Ç NA LINGUAGEM É COMUM:
aantíteses       
acomparações                   
atrocadilhos e inversões               
ametáforas       
afrases interrogativas                     
avocabulário rico e elevado        
agradação de palavras                        
arepetição constantes              
aduplo sentido

Ç AUTORES

            PORTUGAL8  Padre Antônio Vieira ( o mais importante); Francisco Melo; Antônio José da Silva; Pe. Manuel Bernardes
          
          BRASIL8 Gregório de Matos Guerra  ( o mais importante); Euzébio de Matos; Bento Teixeira; Manuel Botelho de Oliveira; Frei Manuel de Santa Itaparica etc.

Principais autores e Obras:

- Bento Teixeira (1561-1600) - Prosopopéia



- Gregório de Matos Guerra (1623-1696) - Poesia sacra; Poesia lírica; Poesia satírica (2 volumes); Últimas


- Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711) - Música do Parnaso



- Frei Manuel de Santa Maria Itaparica (1704-?) - Descrição da Cidade da Ilha de Itaparica; Estáquidos



- Padre Antônio Vieira (1608-1697) - Obra composta de sermões (15 volumes), cartas e profecias (as principais: Sermão pelo bom sucesso das almas de Portugal contra as de Holanda; Sermão da sexagésima; Sermão da primeira dominga da Quaresma; Sermão de Santo Antônio aos peixes; e as profecias: Histórias do futuro e Clavis prophetarum



  Ç POESIAS SATÍRICAS, LÍRICAS e RELIGIOSAS

TEOCENTRISMO x ANTROPOCENTRISMO
– O rebusca-mento da arte barroca é reflexo do dilema em que vivia o homem do seiscentismo (os anos de 1600). Daí as preferências por temas opostos: espírito e matéria, perdão e pecado, bem e mal, céu e inferno.Tudo isso gerava a
preocupação com a brevidade da vida (carpe diem).


POESIA SATÍRICA
A cada um canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha:
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro!

Em cada porta um bem freqüente alheiro
Da vida do vizinho e da vizinha,
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha
Para o levar a praça e o ao terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos pelos pés aos homens nobres;
Posta nas palmas toda a picardia.

Estupendas usuras nos mercados:
Todos os que não furtam, muito pobres:
Eis aqui a cidade da Bahia.


POESIA LÍRICA
A Maria de Povos, futura mulher 
                                Gregório de Matos

Discreta, e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora,
Em tua face a rosada aurora,
Em teus olhos e boca, o sol e o dia:

Enquanto, com  gentil descortesia,
O ar, que fusco Adonis te namora,
Te espalha a risca trança brilhadora,
Quando um passear-te pela face

Goza, goza da flor da mocidade
Que o tempo trata toda a ligeireza
E imprime em toda flor pisada

Ó não guardes que a madura  idade
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra , em cinza, em pó, em sombra, em nada.


POESIA RELIGIOSA

Buscando a Cristo

A vós correndo vou, braços sagrados,
Nesta cruz sacrossanta descobertos,
Que, para receber-me, estais aberto,
E, por não castigar-me, estais cravados.

À vós, divinos olhos, eclipasados,
De tanto sangue e lágrimas cobertos,
Pois para perdoar-me estais despertos,
E por não perdoar-me estais fechados.

À vós, pregados pés por não deixar-me
À vós, sangue vertido para não urgir-me,
À vós, cabeça baixa para chamar-me:

À vós, lado patente, quero unir-me
À vós, cravos preciosos, quero atar-me
Para ficar unido, atado e firme

cabana – casa             
picardia – velharia                              
vinha – trabalho                 
esquadinha – examina                         
usuras – luxo




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