Parnasianismo
Alberto
de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac – Tríade Brasileira
PARNASIANISMO
(1881 – 1893)
Movimento literário que originou-se na França, representou na poesia o espírito positivista e científico da época, surgindo no século XIX (19) em oposição ao romantismo.
Nasceu com a publicação de uma série de poesias, precedendo de algumas décadas o simbolismo uma
vez que os seus autores procuravam recuperar os valores estéticos da antiguidade
clássica. O seu nome vem do Monte Parnaso, a montanha que, na
mitologia grega era consagrada a Apolo e às musas.
Caracteriza-se pela sacralidade da forma, pelo respeito às regras de
versificação, pelo preciosismo rítmico e vocabular, pelas rimas raras e pela
preferência por estruturas fixas, como os sonetos. O emprego da linguagem figurada é reduzido, com
a valorização do exotismo e da mitologia. Os temas preferidos são os fatos
históricos, objetos e paisagens. A
descrição visual é o forte da poesia parnasiana, assim como para os românticos são a sonoridade das palavras e
dos versos. Os autores parnasianos faziam uma "arte pela arte", pois
acreditavam que a arte devia existir por si só, e não por
subterfúgios, como o amor, por exemplo. O primeiro grupo de
parnasianos de língua francesa
reúne poetas de diversas tendências, mas com um denominador comum: a rejeição
ao lirismo como credo.
Os principais expoentes são Théophile Gautier
(1811-1872), Leconte de Lisle
(1818-1894), Théodore de
Banville (1823-1891) e José Maria de
Heredia (1842-1905), de origem cubana,
Sully Prudhomme (1839-1907). Gautier fica
famoso ao aplicar a frase “arte pela arte” ao movimento.
Características
gerais
·
Preciosismo: focaliza-se o detalhe; cada objeto deve singularizar-se, daí as palavras
raras e rimas ricas.
·
Objetividade e
impessoalidade: O poeta apresenta o fato, a personagem, as coisas como
são e acontecem na realidade, sem deformá-los pela sua maneira pessoal de ver,
sentir e pensar. Esta posição combate o exagerado subjetivismo romântico.
·
Arte Pela Arte: A poesia vale por si mesma, não tem nenhum tipo de compromisso, e se
justifica por sua beleza. Faz referências ao prosaico, e o texto mostra
interesse a coisas pertinentes a todos.
·
Estética/Culto à forma: Como os poemas não assumem nenhum tipo de compromisso, a estética é muito
valorizada. O poeta busca a perfeição formal a todo custo, e por vezes, se
mostra incapaz para tal.
Aspectos importantes para essa estética perfeita são:
·
Rimas Ricas: São evitadas palavras da mesma classe gramatical. Há uma ênfase das rimas
do tipo ABAB para estrofes de quatro versos, porém também muito usada as rimas
interpoladas.
·
Valorização dos Sonetos: É dada preferência para os sonetos, composição dividida em duas estrofes
de quatro versos, e duas estrofes de três versos. Revelando, no entanto, a
"chave" do texto no último verso.
·
Metrificação Rigorosa: O número de sílabas poéticas deve ser o mesmo em cada verso,
preferencialmente com dez (decassílabos) ou doze sílabas(versos alexandrinos),
os mais utilizados no período. Ou apresentar uma simetria constante, exemplo:
primeiro verso de dez sílabas, segundo de seis sílabas, terceiro de dez
sílabas, quarto com seis sílabas, etc.
·
Descritivismo: Grande parte da poesia parnasiana é baseada em objetos inertes, sempre
optando pelos que exigem uma descrição bem detalhada como "A
Estátua", "Vaso Chinês" e "Vaso Grego" de Alberto de
Oliveira.
·
Temática Greco-Romana - A estética é muito valorizada no Parnasianismo, mas mesmo assim, o texto
precisa de um conteúdo. A temática abordada pelos parnasianos recupera temas da
antiguidade clássica, características de sua história e sua mitologia. É bem
comum os textos descreverem deuses, heróis, fatos lendários, personagens
marcados na história e até mesmo objetos.
·
Cavalgamento ou
encadeamento sintático (enjambement)
- Ocorre quando o verso termina quanto à métrica (pois chegou na décima
sílaba), mas não terminou quanto à ideia, quanto ao conteúdo, que se encerra no
verso de baixo. O verso depende do contexto para ser entendido. Tática para
priorizar a métrica e o conjunto de rimas. Como exemplo, este verso de Olavo Bilac:
Cheguei, chegaste. Vinhas fatigada
e triste. E triste e fatigado eu vinha.
No Brasil
No Brasil, o parnasianismo dominou a poesia
até a chegada do Modernismo
brasileiro. A importância deste movimento no país deve-se não só ao
elevado número de poetas, mas também à extensão de sua influência, uma vez que
seus princípios estéticos dominaram por muito tempo a vida literária do país,
praticamente até o advento do Modernismo em 1922.
Na década de 1870, a poesia romântica deu
mostras de cansaço, e mesmo em Castro Alves é possível apontar elementos
precursores de uma poesia realista. Assim, entre
1870 e 1880 assistiu-se no Brasil à liquidação do Romantismo, submetido a uma
crítica severa por parte das gerações emergentes, insatisfeitas com sua
estética e em busca de novas formas de arte, inspiradas nos ideais positivistas e realistas do momento.Dessa maneira, a década de 1880 abriu-se para a poesia científica, a socialista e a realista, primeiras manifestações da reforma que acabou por se canalizar para o Parnasianismo. As influências iniciais foram Gonçalves Crespo e Artur de Oliveira, este o principal propagandista do movimento a partir de 1877, quando chegou de uma estada em Paris. Alberto de Oliveira publicou "Canções Românticas" em 1878 e Teófilo Dias, "Cantos Tropicais", dois dos marcos iniciais da nova Escola 1 . De um começo tímido nos versos de Luís Guimarães Júnior (Sonetos e rimas. 1880) e Teófilo Dias (Fanfarras. 1882), firmou-se definitivamente com Raimundo Correia (Sinfonias. 1883), novamente Alberto de Oliveira (Meridionais. 1884) e Olavo Bilac (Relicário. 1888).
O Parnasianismo brasileiro, a despeito da grande influência que recebeu do Parnasianismo francês, não é uma exata reprodução dele, pois não obedece à mesma preocupação de objetividade, de cientificismo e de descrições realistas. Foge do sentimentalismo romântico, mas não exclui o subjetivismo. Sua preferência dominante é pelo verso alexandrino de tipo francês, com rimas ricas, e pelas formas fixas, em especial o soneto. Quanto ao assunto, caracteriza-se pela objetividade, o universalismo e o esteticismo. Este último exige uma forma perfeita (formalismo) quanto à construção e à sintaxe. Os poetas parnasianos veem o homem preso à matéria, sem possibilidade de libertar-se do determinismo, e tendem então para o pessimismo ou para o sensualismo.
Além de Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac, que configuraram a chamada tríade parnasiana, o movimento teve outros grandes poetas no Brasil, como Vicente de Carvalho, Machado de Assis, Luís Delfino, Bernardino Lopes, Francisca Júlia, Guimarães Passos, Carlos Magalhães de Azeredo, Goulart de Andrade, Artur Azevedo, Adelino Fontoura, Emílio de Meneses, Antônio Augusto de Lima, Luís Murat e Mário de Lima.
Principais
autores e obras
Alberto
de Oliveira.
Obras principais: Meridionais (1884), Versos e Rimas (1895), Poesias (1900),
Céu, Terra e Mar (1914), O Culto da Forma na Poesia Brasileira (1916).
- Raimundo Correia. Obras principais: Primeiros Sonhos (1879), Sinfonias(1883), Versos e Versões(1887), Aleluias(1891), Poesias(1898).
- Olavo Bilac. Obras principais: Poesias (1888), Crônicas e novelas (1894), Crítica e fantasia (1904), Conferências literárias (1906), Dicionário de rimas (1913), Tratado de versificação (1910), Ironia e piedade, crônicas (1916), Tarde (1919).
- Francisca Júlia. Obras principais: Mármores (1895), Livro da Infância (1899), Esfínges (1903), Alma Infantil (1912).
- Vicente de Carvalho. Obras principais: Ardentias (1885), Relicário (1888), Rosa, rosa de amor (1902), Poemas e canções, (1908), Versos da mocidade (1909), Páginas soltas (1911), A voz dos sinos, (1916).
Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo
Correia formaram a chamada "Tríade Parnasiana".
Vaso
Chinês
Estranho
mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino
artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas,
talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.
Que arte
em pintá-la! A gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
Alberto de OliveiraSentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
A
Cavalgada
A lua
banha a solitária estrada...
Silêncio!... Mas além, confuso e brando,
O som longínquo vem-se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.
Silêncio!... Mas além, confuso e brando,
O som longínquo vem-se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.
São
fidalgos que voltam da caçada;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando.
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada...
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando.
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada...
E o
bosque estala, move-se, estremece...
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha...
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha...
E o
silêncio outra vez soturno desce...
E límpida, sem mácula, alvacenta
A lua a estrada solitária banha...
Raimundo CorreiaE límpida, sem mácula, alvacenta
A lua a estrada solitária banha...
Hino da Bandeira
1
Salve lindo
pendão da esperança!
Salve símbolo
augusto da paz
Tua nobre
presença à lembrança
A grandeza da
Pátria nos traz.
Refrão
Recebe o afeto
que se encerra
Em nosso peito
juvenil ,
Querido símbolo
da terra,
Da amada terra
do Brasil!
2
Em teu seio formoso
retratas
Este céu de
puríssimo azul,
A verdura sem
par destas matas,
E o
esplendor do Cruzeiro do Sul.
(Refrão)
3
Contemplando o
teu vulto sagrado,
Compreendemos o
nosso dever,
E o Brasil por
seus filhos amado,
poderoso e feliz
há de ser!
(Refrão)
4
Sobre a imensa
nação brasileira,
Nos momentos de
festa ou de dor,
Paira sempre
sagrada bandeira,
Pavilhão da
justiça e do amor!
(Refrão)
Olavo Bilac
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