Primeira Fase do Modernismo



MODERNISMO
(1922 – 1960)

A primeira fase do Modernismo brasileiro ( 1922 – 1930 )
Ou Fase Heróica

O Modernismo foi criado no período compreendido entre 1922 a 1930 e teve início com o marco da Semana de Arte Moderna em 13,15 e 17 de fevereiro 1922, no teatro Municipal de São Paulo o qual pretendia fazer com que a população, de modo geral, tomasse consciência da realidade brasileira. Este movimento cultural foi idealizado e liderado por um grupo de artistas chamado Grupo dos cinco, integrado pelos escritores Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia e pelas pintoras Tarsila do Amaral e Anita Malfatti, além de contar com várias participações artísticas.
É considerado um movimento não só artístico como também político e social, já que se opunha à política totalitária da época, bem como da contradição social entre os proletários e imigrantes e as oligarquias rurais.

A Semana de Arte Moderna trouxe um rompimento, uma destruição das estruturas clássicas, acadêmicas, harmônicas, e por esse motivo tem caráter anárquico e destruidor. Mário de Andrade chamou a primeira fase do Modernismo de “fase da destruição”, já que é totalmente contraditória ao parnasianismo ou simbolismo das décadas anteriores. Os artistas têm em comum a busca pela origem, daí vem o nacionalismo e acarreta a volta às origens e valorização do índio brasileiro.

A primeira fase modernista também é marcada pelos manifestos nacionalistas: do Pau-Brasil, da Antropofagia, do Verde-Amarelismo e o da Escola da Anta. Podemos destacá-los da seguinte forma:

Manifesto Pau-Brasil:


Escrito por Oswald de Andrade, publicado no jornal “Correio da Manhã”, em 18 de março de 1924, apresentou uma proposta de literatura vinculada à realidade brasileira e às características culturais do povo brasileiro, com a intenção de causar um sentimento nacionalista, uma retomada de consciência nacional.

Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro


Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados


• Verde-Amarelismo: 




Este movimento surgiu como resposta ao “nacionalismo afrancesado” do Pau-Brasil, em 1926, apresentado, principalmente, por Oswald de Andrade, liderado por Plínio Salgado. O principal objetivo era o de propor um nacionalismo puro, primitivo, sem qualquer tipo de influência.

a noite africana

O inhambú chororó chorou
o sacy pererê assobiou


e a Uiára que nunca ouvira
declaração de amor tão cheia
de rouxinóes e outras espécies de mentira
assim falou, ao novo pretendente:

— A manhã é muito clara...
ha cochichos no mato...
todo cheio de bichos.
(Pois de primeira era só dia,
         noite não havia)
Não ha noite na terra e, francamente,
sem noite não me caso com você
porque faz muito sol...
o dia espia a gente
pelo vãos da folhagem...
as jaçanans da madrugada cantaram
agora mesmo pedindo mais sol!


Só casarei cm aquelle que primeiro
         me trouxer a Noite..
         Vá buscar a Noite".

                   ***

         Então o marujo
partiu em seu navio aventureiro
         e foi buscar a Noite...

                                                                         Cassiano Ricardo




• Anta: 

Parte do movimento Verde-Amarelismo, representa a proposta do nacionalismo primitivo elegendo como símbolo nacional a “anta”, além de vangloriar a língua indígena “tupi”.

Através das características desses manifestos, temos por análise a identificação de duas posturas nacionalistas distintas: de um lado o nacionalismo consciente, crítico da realidade brasileira, e de outro um nacionalismo ufanista, utópico, exacerbado.

FICARAM-ME AS PENAS
O pássaro fugiu, ficaram-me as penas 
da sua asa, nas mãos encantadas. 
Mas, que é a vida, afinal? Um vôo, apenas. 
Uma lembrança e outros pequenos nadas. 

Passou o vento mau, entre açucenas,
deixou-me só corolas arrancadas...
Despedem-se de mim glorias terrenas.
Fica-me aos pés a poeira das estradas.

A água correu veloz, fica-me a espuma.
Só o tempo não me deixa coisa alguma
até que da própria alma me despoje!

Desfolhados os últimos segredos,
quero agarrar a vida, que me foge,
vão-se-me as horas pelos vãos dos dedos.

                                                                             Cassiano Ricardo



• Antropofagia: 



Publicado entre os meses de maio de 1928 e fevereiro de 1929, sob direção de Antônio de Alcântara Machado, surgiu como nova etapa do nacionalismo “Pau-Brasil” e resposta ao “Verde-Amarelismo”. Sua origem se dá a partir de uma tela feita por Tarsila do Amaral, em janeiro de 1928, batizada de Abaporu ( aba= homem e poru = que come). Assinado por Oswald de Andrade, tinha, como diz Antônio Cândido, “uma atitude brasileira de devoração ritual dos valores europeus, a fim de superar a civilização patriarcal e capitalista, com suas normas rígidas no plano social e os seus recalques impostos, no plano psicológico”

Tupy or not tupy, that is the question é uma frase do Manifesto Antropófago lançado pelo grupo de    artistas modernistas reunido em torno de Oswald de Andrade que produzia a "Revista da Antropofagia".Outras frases do Manifesto Antropófago também ficaram famosas, como a abertura:

"Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.",
"Só me interessa o que não é meu",
"A alegria é a prova dos nove."


O jardim estava em rosa ao pé do Sol
E o ventinho de mato que viera do Jaraguá,
Deixando por tudo uma presença de água,
Banzava gozado na manhã praceana.


Tudo limpo que nem toada de flauta.
A gente si quisesse beijava o chão sem formiga,
A boca roçava mesmo na paisana de cristal.

Um silêncio nortista, muito claro!
As sombras se agarravam no folheto das árvores
Talqualmente preguiças pesadas.
O sol sentava nos bancos tomando banho-de-luz.

Tinha um sossego tão antigo no jardim,
Uma fresca tão de mão lavada com limão,
Era tão marupiara e descansante
Que desejei... Mulher não desejei não, desejei...
Se eu tivesse ao meu lado ali passeando
Suponhamos Lênin, Carlos Prestes, Ghandi, um desses!...

Na doçura da manhã quase acabada
Eu lhes falava cordialmente: - Se abanquem um bocadinho.
E havia de contar pra eles os nomes dos nossos peixes,
Ou descrevia Ouro Preto, a entrada de Vitória, Marajó,
Coisa assim, que pusesse um disfarce de festa
No pensamento dessas tempestades de homens.
                                                    Mário de Andrade


Em jejum, na mesa do “Café Guarany”,
O poeta antropófago rima e metrifica o amorzinho de sua vida.
Elle tem saudade de ti.
Elle quer chamar “ti” de: estranha – voluptuosa – linda querida.
Elle chama “ti” de: gostosa – quente – bôa comida.
                                                   Guilherme de Almeida
Principais autores e obras:


Todas as fases do Modernismo brasileiro tiveram influência ou protestos às Vanguardas Europeias.


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