Terceira Fase do Modernismo





Terceira Fase Modernista no Brasil (1945- +/- 1960)

 Com a transformação do cenário sociopolítico do Brasil, a literatura também transformou-se: O fim da Era Vargas, a ascensão e queda do Populismo, a Ditadura Militar, e o contexto da Guerra Fria, foram, portanto, de grande influência na Terceira Fase. Na prosa, tanto no romance quanto no conto, houve a busca de uma literatura intimista, de sondagem psicológica e introspectiva, tendo como destaque Clarice Lispector. O regionalismo, ao mesmo tempo, ganha uma nova dimensão com a recriação dos costumes e da fala sertaneja com Guimarães Rosa, penetrando fundo na psicologia do jagunço do Brasil central. A pesquisa da linguagem foi um traço caraterísticos dos autores citados, sendo eles chamados de instrumentalistas.

A geração de 45 surge com poetas opositores das conquistas e inovações modernistas de 22, o que faz com que, na concepção de muitos estudiosos, esta geração seja tratada como pós-modernista. A nova proposta, inicialmente, é defendida pela revista Orfeu em 1947. Negando a liberdade formal, as ironias, as sátiras e outras características modernistas, os poetas de 45 buscaram uma poesia mais “equilibrada e séria”. No início dos anos 40, surgem dois poetas singulares, não filiados esteticamente a nenhuma tendência: João Cabral de Melo Neto e Lêdo Ivo. Estes considerados por muitos os mais importantes representantes da geração de 1945, além de Lygia Fagundes Telles.

 Contexto Histórico

O momento em que surge a terceira geração modernista no Brasil, é o período menos conturbado em relação à primeira e segunda gerações.
Ou seja, é a fase de redemocratização do país, visto que em 1945 termina o Estado Novo (1937-1945) que fora implementado pela ditadura de Getúlio Vargas.
Em nível mundial, o ano de 1945 é também o fim da segunda guerra mundial e do sistema totalitário do Nazismo. Entretanto, tem início a Guerra Fria (Estados Unidos e União Soviética) e a Corrida Armamentista.

 Características

As principais características da terceira geração modernista são:
·            Academicismo;
·            Passadismo e retorno ao passado;
·            Oposição à liberdade formal;
·            Experimentações artísticas (ficção experimental);
·            Realismo fantástico (contos fantásticos);
·            Retorno à forma poética (valorização da métrica e da rima);
·            Influência do Parnasianismo e Simbolismo;
·            Inovações linguísticas e metalinguagem;
·            Regionalismo universal;
·            Temática social e humana;
·            Linguagem mais objetiva.

 Prosa Intimista

Por sua vez, a prosa intimista é determinada pela exploração de temas humanos e, portanto, é mais íntima, psicológica e subjetiva. Esses aspectos são observados nas obras de Clarice Lispector e de Lygia Fagundes Telles.

 Poesia Modernista

Ainda que a prosa tenha sido o tipo de texto mais explorado na terceira geração modernista, a poesia é apresentada mediante aspectos de equilíbrio.
Por isso, os poetas dessa fase eram chamados de “Neoparnasianos”, ao fazerem referência as principais características da poesia parnasiana:
·            preocupação com a estética;
·            metrificação e versificação;
·            busca da perfeição;
·            culto à forma. 

Principais Autores e Obras

Guimarães Rosa (1908 - 1967)


Obras: Sagarana (1946), Corpo de Baile (depois desdobrado em Manuelzão e Miguilim, No Urubuquaquá no Pinhém, Noites do Sertão, 1956), Grande Sertão: Veredas (1956), Primeiras Estórias (1962), Tutaméia - Terceiras Estórias (1967): Estas Estórias (1969), Ave, Palavra (1970). 

Clarice Lispector (1925 - 1977)


Obras:
·         Romances: Perto do Coração Selvagem (1944); O Lustre (1946); A Cidade Sitiada (1949); A Maçã no Escuro (1961); A Paixão segundo G. H. (1964); Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres (1969); Água Viva (1973); A Hora da Estrela (1977).
·         Contos: Alguns Contos (1952); Laços de Família (1960); A Legião Estrangeira (1964); Felicidade Clandestina (1971), Imitação da Rosa (1973), A Via - Crucis do Corpo (1974); A Bela e a Fera (1979).
·         Entrevista: De Corpo Inteiro
·         Literatura infantil: Mistério do Coelhinho Pensante (1967); A Mulher que Matou os Peixes (1969); A Vida Íntima de Laura (1974), Quase de Verdade.

João Cabral de Melo Neto (1920 - 1999)


Obras:
·         Prosa: Considerações sobre a Poeta Dormindo (1941); Juan Miró (1950)
·         Poesia: Pedra do Sono (1942); Engenheiro (1945); Psicologia da Composição (1947); O cão sem Plumas (1950); Rio (1954); Poemas reunidos (os livros anteriores mais Os Três Mal-Amados, 1954); Duas Águas (os livros anteriores mais Morte e Vida Severina, Paisagens com figuras e Uma Faca só Lâmina, 1956); Quaderna (1960); Dois Parlamentos (1961); Terceira Feira (os dois livros anteriores mais Serial, 1961); A Educação pela Pedra (1966), Poesias Completas (1968); Museu de Tudo (1975); Escola das Facas (1987); Auto do Frade (1984); Agrestes (1985); Crime na Calle Relator (1987); Sevilha Andando (1987-1993).

Ariano Suassuna (1927-2014)

Defensor da cultura popular brasileira, Suassuna escreveu romances, peças de teatro e poesias das quais merecem destaque:


Obras selecionadas

·   Uma mulher vestida de Sol (1947)
·  Cantam as harpas de Sião ou O desertor de Princesa(1948)
·  Os homens de barro (1949)
·  Auto de João da Cruz (1950)
·  Torturas de um coração (1950)
·   O arco desolado (1952)
·   O castigo da soberba (1953)
·   O Rico Avarento (1954)
·   Auto da Compadecida (1955)
·   O casamento suspeitoso (1957)
·   O santo e a porca (1957)
·   O homem da vaca e o poder da fortuna (1958)
·   A pena e a lei (1959)
·   Farsa da boa preguiça (1960)
·   A Caseira e a Catarina (1962)
·   As conchambranças de Quaderna (1987)
·   Fernando e Isaura (1956, inédito até 1994)

Romance 

·     A História de amor de Fernando e Isaura (1956)
·    O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971)
·    História d'O Rei Degolado nas caatingas do sertão /Ao sol da Onça Caetana (2015)
·    A Ilumiara – Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores (2017) – publicação póstuma

Poesia

·   O pasto incendiado (1945-1970)
·   Ode, (1955)
·   Sonetos com mote alheio (1980)
·   Sonetos de Albano Cervonegro (1985)
·   Poemas (antologia) (1999)
·   Os homens de barro (1949)

Frases de Suassuna
·       Não troco o meu oxente pelo ok de ninguém!
·       Você pode escrever sem erros ortográficos, mas ainda escrevendo com uma linguagem coloquial.”
·       O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso.”
·       Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa.”
·       O sonho é que leva a gente para a frente. Se a gente for seguir a razão, fica aquietado, acomodado.”
 "Os homens de barro" (1949), "Auto de João da Cruz" (1950), "O Rico Avarento" (1954) e "O Auto da Compadecida" (1955).
  
Lygia Fagundes Telles (1923-):




Também conhecida como "a dama da literatura brasileira" e "a maior escritora brasileira viva", é uma escritora brasileira, considerada por acadêmicos, críticos e leitores uma das mais importantes e notáveis escritoras brasileiras do século XX e da história da literatura brasileira. Além de advogadaromancista e contista, Lygia tem grande representação no pós-modernismo, e suas obras retratam temas clássicos e universais como a morte, o amor, o medo e a loucura, além da fantasia. 

Romances

·  Ciranda de Pedra, 1954
·  Verão no Aquário, 1964
·  As Meninas, 1973
·  As Horas Nuas, 1989

Livros de contos

·  Porão e Sobrado, 1938
·  Praia Viva, 1944
·  O Cacto Vermelho, 1949
·  Histórias do Desencontro, 1958
·  Histórias Escolhidas, 1964
·  O Jardim Selvagem, 1965
·  Antes do Baile Verde, 1970
·   Seminário dos Ratos, 1977
·   Filhos Pródigos, 1978 (reeditado como A Estrutura da Bolha de Sabão, 1991)
·  A Disciplina do Amor, 1980
·  Mistérios, 1981
·  Venha Ver o Pôr do Sol e Outros Contos, 1987
·  A Noite Escura e Mais Eu, 1995
·  Oito Contos de Amor, 1996
·  Invenção e Memória, 2000
·  Durante Aquele Estranho Chá: Perdidos e Achados, 2002
·  Conspiração de Nuvens, 2007
·  Passaporte para a China: Crônicas de Viagem, 2011
·  O Segredo e Outras Histórias de Descoberta, 2012
·  Um Coração Ardente, 2012

Antologias

   ·  Seleta, 1971 
   · Lygia Fagundes Telles, 1980 
   · Os melhores contos de Lygia F. Telles, 1984 
   · Venha ver o pôr-do-sol, 1988 
   · A confissão de Leontina e fragmentos, 1996 
   · Oito contos de amor, 1997 
   · Pomba enamorada, 1999.

Participações em coletâneas

   · Gaby, 1964 (novela - in Os sete pecados capitais - Civilização Brasileira)
   · Trilogia da confissão, 1968 (Verde lagarto amarelo, Apenas um saxofone e Helga - in Os 18 melhores contos do Brasil - Bloch Editores)
   · Missa do galo, 1977 (in Missa do galo: variações sobre o mesmo tema - Summus)
   · O muro, 1978 (in Lições de casa - exercícios de imaginação - Cultura)
   · As formigas, 1978 (in O conto da mulher brasileira - Vertente)
   · Pomba enamorada, 1979 (in O papel do amor - Cultura)
   · Negra jogada amarela, 1979 (conto infanto-juvenil - in Criança brinca, não brinca? - Cultura)
   · As cerejas, 1993 (in As cerejas - Atual)
   · A caçada, 1994 (in Contos brasileiros contemporâneos - Moderna)
   · A estrutura da bolha de sabão e As cerejas, s.d. (in O conto brasileiro contemporâneo - Cultrix)


Veja também outras Escolas Literárias.


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